segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

de 27 de Dezembro a 2 de Janeiro mudou-se a vontade

Vão chegando respostas a reclamações de cidadãos de Paredes que nos dão, apesar de tudo, alguma informação muito interessante sobre a súbita mudança de posição do Governo, que já tivemos oportunidade de saudar e agora tentamos melhor compreender.

Uma das últimas resposta recebidas a confirmar a disposição da ARS-norte para mandar fazer abortos no Centro de Saúde de Paredes foi colocada no correio a 27 de Dezembro de 2007, conforme carimbo dos correios que em baixo se mostra. É certo que na carta vem referida como "data da impressão 07/12/07 11:16"... mas provavelmente é só para "dar a impressão" de que a mudança de posição foi ponderada com algum tempo e não precipitadamente na sequência de um eventual telefonema "de cima"...

Acreditamos que a secretária (ou secretário) tenha levado a resposta a despacho da Sra Directora e o papel ficou até 26 ou de 27 de Dezembro à espera de vez. Uma vez assinado foi diligentemente enviado para os correios onde lhe foi posto o carimbo de 27.12, acima mostrado. Chegou ao destino poucos dias depois.

Ora não fazemos a injustiça de pensar que alguma eventual descoordenação na Administração Regional de Saúde do norte possa ir ao ponto de a Sra Directora Maria de Fátima da Silva Fonseca(?) assinar um documento entre 7 e 27 de Dezembro, ignorando que os "procedimentos que estão (estavam) a ser preparados" eram... para abortar, como as reclamações apresentadas requeriam. Acreditamos, isso sim, que pelos dias 26 ou 27, quando a carta terá sido assinada e enviada para o correio, ainda nenhuma decisão em contrário fora tomada relativamente a Paredes.
E ficam, portanto, apenas cinco (5) dias para a devida fundamentação de uma "decisão devidamente fundamentada"em sentido exactamente oposto à decisão "devidamente fundamentada" anterior. Acreditamos que, apesar de tudo, a sábia opção afinal tomada não foi afectada ou inspirada pelos inebriantes éteres que se costumam espalhar pelos ares em noites de fim de ano.

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Um segundo aspecto digno de nota é o facto de o texto ser praticamente o mesmo para todos mas não exactamente. Isto demonstra duas coisas:

1. Às reclamações dos cidadãos não é dada suficiente atenção para que a resposta tome em consideração os motivos concretos da reclamação de cada cidadão. O cidadão V.P., por exemplo, informou-nos de que a sua reclamação punha a tónica no facto de ele e a esposa não terem acesso a médico de família, embora o desejassem e o tenham já requerido. Na resposta, porém, isso foi completamente ignorado pela ARS-norte. Posto que também mencionava o projecto de realizar abortos no Centro de Saúde (opondo-se ao mesmo), os responsáveis da ARS-norte ter-lhe-ão dado a resposta-padrão que deram a outros. Parece-nos que o Livro de Reclamações não deve ser encarado pelos responsáveis como um sistema "chapa 5"...

2. Admitido o sistema "chapa 5", quanto ao conteúdo, é de estranhar que quanto à forma apareçam pequenas diferenças. Em algumas cartas a palavra "fundamentadas" aparece como "fundamrentadas" e há também diferenças ao nível da pontuação do texto. Será isto indicativo de que na Administração de Saúde cada nova carta tem de ser digitada de novo, embora o conteúdo pareça sr "chapa 5"? Isto dá um preocupante sinal de ineficiência que importa corrigir num Ministério verdadeiramente empenhado em minimizar a parte do seu orçamento gasta em despesas de funcionamento. Se o sistema de processamento das reclamações é de facto "chapa 5", pois que se automatize então também a respectivo apoio secretarial. Se não é, então que também os responsáveis superiorestal como exigem às suas secretárias, façam o seu trabalho lendo todo o teor das reclamações e dando-lhe resposta minimamente personalizada.

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