quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

o assessor, o vice-presidente, o ministro ou o primeiro-ministro?


Esta manhã, porém, na sede da Administração Regional de Saúde do norte, fomos informados pela própria secretária do Presidente do Conselho Directivo que o dossier IVG está a cargo do Dr. Fernando Araújo. Perguntando por Paulo Sarmento, que imaginávamos um alto responsável daquela instituição, fomos informados pela própria secretária do Sr. Director que se trataria de um ... assessor!!!

É então a um simples assessor que a ARS-norte manda "dar a cara" pelo delirante projecto de aborto nos Centros de Saúde?!!!

A um simples assessor é que está entregue a coordenação da área de saúde materno-infantil da ARS-norte? Já temíamos que as prioridades na ARS-norte andassem bastante invertidas. Não imaginávamos quanto.

Realmente este caso do aborto nos Centros de Saúde está cada vez mais nebuloso. Se Paulo Sarmento não detinha as funções que noticia o DN de 22.09, certamente a ARS-norte teria desmentido ou rectificado esse dado. Se realmente detinha, não se compreende como é que tão importantes responsabilidades sejam confiadas a... um assessor!


Se, como talvez seja o caso, este assessor não for mais do que um porta-voz da ARS-norte para aquela área na dependência directa do vice-presidente Dr. Fernando Araújo, também fica difícil de entender como é que em 5 de Julho o próprio vice-presidente tenha "dado a cara" pela notícia veiculada pelo Público de antecipação do arranque das IVGs nos hospitais... e em Setembro tenha encomendado o serviço a um assessor.


Será que a própria ARS-norte tem vergonha desta sua(?) ideia para os Centros de Saúde? Ou será que, o que seria muito mais grave, as "orientações superiores devidamente fundamentadas" têm origem mais acima, no Ministro da Saúde ou no próprio Primeiro-Ministro, e foram obedecidas sem a concordância dos seus dirigentes? A "delegação" no assessor Paulo Sarmento teria então uma explicação bem plausível. E isto significaria igualmente que a luta dos cidadãos e autarcas de Paredes não seria já contra uma iniciativa espontânea da ARS-norte, mas sim do próprio governo central. A verificar-se essa hipótese, justificar-se-á então um "reposicionar de baterias" do nosso combate cívico, mantendo-se embora a natureza estritamente apartidária que desde o princípio nos caracteriza e une em torno da Causa do Bem Comum.


Também é possível que uma chave de interpretação do mistério esteja na própria declaração de Setembro: «Paulo Sarmento justifica o alargamento das consultas de IVG aos centros de saúde devido ao factor de "proximidade" que constitui o médico de família. » Talvez o aparente distanciamento do Conselho Directivo tenha que ver com o despudorado recurso ao conceito teórico de "proximidade do médico de família", sabendo perfeitamente que a maioria dos cidadãos de Paredes - e talvez dos outros concelhos referidos - não possui médico de família!


Mas quanto às intenções mais ou menos assumidas da ARS-norte é que não pode haver quaisquer dúvidas . A ideia era mesmo concretizar o projecto em plena época natalícia, contando talvez com a distracção das pessoas ou então enfatizando o efeito "bofetada" já presente na insidiosa escolha de 4 concelhos que claramente disseram "não" ao aborto:"[...] até ao final do ano, os centros de saúde de Penafiel, Paredes e Amarante", afirmou Paulo Sarmento.


___________________________________________________________


in dn.sociedade 22.09.2007


Aborto com medicamentos arranca em 4 centros de saúde
PAULO JULIÃO, Viana do Castelo
Viana do Castelo dá o sinal de partida dentro de uma semana

Até ao final do ano haverá quatro centros de saúde a promover a interrupção voluntária da gravidez (IVG) quimicamente. O programa arranca em Viana do Castelo e será já dentro de uma semana, garantiu ontem ao DN o coordenador da área de saúde materna da Administração Regional de Saúde do Norte.

"Em Viana do Castelo, a consulta vai começar no início de Outubro e seguir-se-ão, até ao final do ano, os centros de saúde de Penafiel, Paredes e Amarante", afirmou Paulo Sarmento. O Centro de Saúde de Viana do Castelo será o primeiro, em Portugal, a efectuar abortos "quimicamente", através de medicamentos, tendo já sido ministrada a respectiva formação a um grupo constituído por dois médicos, dois enfermeiros e ainda uma assistente social e uma psicóloga.

"Prevíamos o início destas consultas para 15 de Setembro, mas gerou--se algum atraso no processo de articulação entre o centro de saúde e o hospital de Viana", reconheceu.

Segundo Paulo Sarmento, a escolha da unidade de Viana para lançar o programa deveu-se à "grande proximidade" do Centro Hospitalar do Alto-Minho, que permite a realização da indispensável ecografia, sem obrigar a paciente a grandes deslocações e garantindo uma intervenção imediata caso se registe qualquer complicação na IVG.

No início do próximo ano será feita uma "avaliação no terreno", de forma a definir o alargamento destas consultas a outros centros de saúde do País.

"Nos hospitais, a experiência que temos é que em mais de 95% dos casos a IVG faz-se desta forma, quimicamente", explica Paulo Sarmento. Quinze dias depois, a mulher volta a ser consultada para confirmar se a interrupção correu normalmente. Neste caso, a IVG faz-se em apenas uma semana, sem internamento da mulher. "Quanto muito, será acompanhada durante a manhã em que toma os comprimidos", sublinha o responsável.

Paulo Sarmento justifica o alargamento das consultas de IVG aos centros de saúde devido ao factor de "proximidade" que constitui o médico de família.

"Nos meios pouco urbanos, este clínico conhece muito bem a situação do agregado familiar e pode estar numa situação, se for o caso, de conversar abertamente com a mulher e sobre as suas opções. Mas pode sempre recorrer ao hospital, se quiser", concluiu.

Sem comentários: