sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Direito de Resposta

Direito de Resposta

Ao Director do jornal Fórum do Vale do Sousa

Sr. Director,

O movimento Paredes Pela Vida é formado por cidadãos livres e conscientes que se uniram para defender o Centro de Saúde de Paredes de uma perigosa deriva ideológica, recentrando-o na sua missão de promoção da saúde pública, da qual, em nossa opinião, a universalidade do Direito ao Médico de Família constitui o primeiro e mais emblemático elemento.

Com um tal programa cívico e com o apoio manifesto das populações e da generalidade dos autarcas, fácil será perceber que não seria a prosa biliar do seu Chefe de Redacção que lograria atingir-nos ou ofender-nos, especialmente em face da sua desoladora falta de tolerância democrática, lamentamos dizê-lo. Efectivamente, como disse uma vez Mário Soares,
não ofende quem quer mas quem pode. De resto, é até na fúria bruta dessa prosa que temos achado um vigoroso tónico para persistirmos no nosso "bom combate". E na sua falta de objecções racionalmente fundamentadas encontramos um argumento mais a favor da nossa Razão. Alguns de nós dispoem-se cristamente a oferecer-lhe "a outra face" para que bata até que se canse ou se lhe abram os olhos. Outros há aqui que não vieram por exigências de coerência da sua Fé - pelas quais esperávamos alguns, ainda ausentes - mas pelo desejo de impedir a tremenda injustiça que se quer praticar contra o Centro de Saúde de Paredes e lavar a afronta à posição democraticamente expressa pelo povo de paredenses, também pelos de Penafiel e Amarante.

Sr. Director, o seu chefe de redacção decidiu entrar na liça com um estilo tal que, por um lado, o impede de se tornar um interlocutor válido e, por outro, pela linguagem e pelo tom chocarreiro que emprega (e queremos crer que seria capaz de se expressar noutro registo) torna-nos mesmo impossível o diálogo, posto que nos recusamos a baixar a semelhante nível. Mal do "Estado de Direito", que diz prezar, se para sua defesa estivesse dependente de paladinos tão cegos pelo preconceito pró-aborto mais primário. Na sua fúria ainda não conseguiu a lucidez suficiente para entender que este movimento não perde o seu tempo a contestar uma lei do parlamento mas apenas uma decisão arbitrária de um obscuro assessor da Administração Regional de Saúde do norte. E ao exigirmos a satisfação do Direito universal ao médico de família como condição prévia para se pensar em qualquer "via verde para o aborto", mais não fazemos do que pegar nas palavras da ARS-norte quando diz avançar para o aborto no centro de saúde, aproveitando a maior proximidade e confiança entre as mulheres e o médico de família. Ora esta proximidade só será real e não discriminatória quando houver médico de família para todos. Daí a nossa exigência do médico de família como condição prévia de qualquer delírio abortista no nosso centro de saúde ou em qualquer outro.

Mas com o delírio do seu redactor a chegar a ponto de conceder o título de "editorial" ao que não passa duma vulgar compilação de insultos pessoais, insinuações, juízos de intenções falaciosos posto que desconhece o pensamento dos visados, e sentenças não fundamentadas, o seu redactor nem se apercebe talvez de que a grande vítima dos seus contundentes golpes será... a própria credibilidade e, por arrasto, a imagem do seu jornal e do seu respeitável director. A qualquer observador medianamente atento da imprensa regional no Vale do Sousa não escapará o crescente desalinhamento do "Fórum" com o clima de correcção e elevação que, de forma geral, as redacções praticam e o público deseja.

Uma última palavra sobre a assinatura da carta aberta pelos senhores presidentes de junta, cuja
defesa, de resto, ninguém nos encomendou. A folha que estes assinaram continha todo o texto, tal como também consta do nosso blogue paredespelavida.blogspot.com, e assim foi entregue na ARS do norte na passada 4ª feira. Repudiamos em absoluto a insinuação de que alguém possa ter sido "enganado". Essa insinuação tem uma explicação bem mais simples. E a explicação é que o parcial chefe de redacção desse jornal discorda da carta e, por sua vontade, nenhum cidadão - ainda que com ela concordasse - deveria assiná-la. Daí a considerar que os cidadãos presidentes de junta têm o direito de expressão sujeito a limitações vai um passo. E estas limitações, bem entendido, significariam só se exprimir "com procuração" do cidadão-protector Tito Couto, o iluminado.

Por conseguinte, não será difícil antever que os presidentes de junta de Paredes e Penafiel não
aceitarão lições de democracia de um ideólogo cujo desatino mais sonoro retinia assim "o povo é
nojento". Tão profundo "pensamento" diz tudo sobre o respeito que pelo povo nutre alguém que
também espera(?) que o mesmo povo lhe corra um dia a comprar o jornal.

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nota final: Na última assembleia da Freguesia de Castelões de Cepeda, realizada no sábado 22 de Dezembro, o Sr. Presidente de Junta recebeu o apoio e solidariedade das diferentes bancadas. Inclusivamente, elementos do Partido Socialista terão afirmado que o Sr. Presidente da Junta bem poderia ter assinado a carta "em nome da Junta", pois ela traduzia o sentimento geral da população face ao projecto aborto no Centro de Saúde de Paredes. Parece-nos que isto basta para fazer desvanecer quaisquer dúvidas, sobre de que lado se encontra a "Vox Populi". Está tudo dito!

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